Atualmente fazemos de necessário cobrir nossos corpos com um pano, que por sinal possui um valor mais longínquo que uma capacidade de realizar coisas novas e com relevância em tal espaço. Hoje, os valores trocados, ainda se vê grandes alfaiates, mas jamais, aquelas da costura do coração. Como sempre digo, às vezes passamos a inventar muito ao invés de arrumar tudo, e desacomodar das modas, que hoje em dia, não são levadas em seu certo sentido. Usar roupa, requer o espírito da moda, cultura, beleza exterior, mas não enfatizar o poder da classe. Não falo que sou contra a moda, mas sou contra a má visão sobre o modelo estipulado para tal estação do ano. Temos a prova viva das relações entre as simplicidades, com uma roupa simples e objetiva. Exacerbar o que não tem necessidade faz parte da doença moderna, fazendo parte do consumo excessivo e cobrindo todo o mundo.
Quantas vezes eu passei na madrugada de sábado para domingo no centro da cidade, e via pessoas dormindo nas ruas com um papelão como coberta? Analisamos o valor que as coisas têm, o tanto que é árduo para eles, a capacidade deles terem é mínima, justamente pela oculta visão de reflexão sobre o bendito uso de uma coberta. Despejados de casa, percebemos também, que o valor está nas coisas mais absurdas existentes. Muitos estão interessados na calça do indivíduo, mas apenas por nela, existirem bolsos, que por sua vez, vazios.
Quando cito sobre vestimentas do mundo, faço um apelo que passará despercebido naqueles que a preocupação é o calçado e papel no bolso. Quanto será que dura e onde cabem as relações em torno dos aparatos para o corpo? Desde que mundo virou mundo realmente, considero-o como um espaço sujo, onde há nele, tudo aquilo que é desprezível e estipulado. É incrível como não queremos estipular, mas estipulamos tudo para que não seja estipulado. É fácil se desvirtuar nesse mundo onde o entra e sai nas boutiques, afinal, os visuais hoje em dia são predominantes em qualquer área e estado.
Parecendo assim, confunde-se ao achar que eu nego o uso de vestimentas, mas é muito pelo contrário, é um lance totalmente cultural, assim como os índios e demais tribos, pouco se preocupam com a vestimenta, mas há também, quem selecione como um significado de espírito. A roupa se tornou tão flexionada no nosso espaço, que é percebido e visível como nós olhamos para os outros como uma roupa de baixo nível.
Uma grande pergunta simples vira a tona: se falamos tanto sobre a parte interior, por que tanta prioridade da parte exterior?
Aí, nós mesmos, respondemos a nossa própria pergunta: Às vezes por vergonha ou por alienação alheia, esquecemos de tudo que é prioritário e maioritário dentro de nós e realizamos um cobrimento da parte de fora e exalando todo esse sentimento de beleza e expressão da moda, como algo naturalíssimo. Observando os horizontes dos nossos amigos ancestrais, a inteligência era exacerbada nos nossos olhos e nas nossas vestimentas apenas o objetivo. Se revogássemos o mau uso das migalhas de pano, com certeza iriamos nos recobrir de joias através de prêmios por capacidade interior a um estado modal concreto de como enfatizar que roupa só serve para cobrir do frio.
E para finalizar: Somos um tal mandante do mundo, que por beleza, nos ligamos tanto ao materialismo, que incorporamos nossos corpos a um corpo semelhante ao universo: longo, oscilante, frio. Percebo então, que quem faz o mundo somos nós, e não ele por si só; e reparamos na imensa solidão e frieza no qual tratamos pessoas que um dia tiveram a dignidade de receber apenas o necessário: uma coberta para continuar brilhando com seu corpo longo e oscilante, mas, sem frio.
Praia Grande-SP.
Feito em: 25/03/2014.