terça-feira, 8 de abril de 2014

A roupa e a violência



     Há alguns dias, uma notícia entrou em repercussão no Brasil. Uma pesquisa feita pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), apontou um resultado para a seguinte pergunta: “Mulheres que usam roupas curtas merecem ser atacadas?”. O resultado foi o seguinte: 65% das pessoas entrevistas, sendo homens e inclusive mulheres, concordam com tal afirmação de que sim, o comportamento e juntamente com a vestimenta, favorece e merecem ser atacadas.
     Ora, os mesmos são repudiados a violência contra a mulher no caso dos maridos, são a favor da violência contra a mulher nos casos de comportamento; a aplicação de violência continua a mesma, por mais que sejam coisas distintas. É com imenso desrespeito a nós mesmos e as mulheres, que passaram o resto de suas vidas se dedicando por uma vaga, que por mais que seja ínfima, conseguisse atuar de forma concreta e sutil, que consideramos o merecimento de tais atitudes frente a um tipo de comportamento que é totalmente arbitrário. Atualmente vivemos numa democracia, a partir deste momento, consideramos as opiniões e atitudes vindas de qualquer um. Criando um paralelo ao corpo, toda mulher tem o livre direito de andar como quiser, vestir-se como quiser e atuar como quiser. Assim como nós somos donos da nossa própria mente e corpo, elas também são.
     Geraram formas de protestos nas redes sociais com as hashtags #EuNãoMereçoSerEstuprada, o que potencializou uma forma com o plano de fundo de cansaço, angústia e uma opressão que jamais foi vista. São crianças, jovens, adultos e idosos, tanto homens quanto mulheres que são violentados todos os dias. Será mesmo que a mulher merece esse tipo de coisa por causa de um comportamento que não é bem visto a sociedade? Para você, leitor, qual é o comportamento correto?
     Merecíamos voltar à pré-história ou então deixar nossas terras com os índios, até criarmos um amadurecimento sobre a ideia de vestimenta, e concretizar que ela não possui valor social algum, a não ser cobrir do frio daqueles que se incomodam. Aderida como uma moda, mal entendida, um adereço que para muitos sim, definem o comportamento de uma mulher. E não, mulheres nem homens merecem sofrer algum tipo de abuso por causa de tais comportamentos. A ideia coletiva é bastante difundida e articulada de maneira errada e sem conceito às pessoas que sempre lutaram para estar de pés firmes e que se levantaram no meio de muitas pessoas.

A violência, por si só, ao ser pensada como ato, é congruente a derrota e uma conquista do fracasso interior.

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